quarta-feira, 30 de novembro de 2011

LOCUS - TRILHA SONORA


Muitas coisas contribuíram para a lapidação do nosso documentário, não só os atores sociais e os registros testemunhados, mas também os artifícios de pós-produção, como a trilha musical composta por Chico Cuíca especialmente para o filme.

As músicas fornecem uma impressão extra das imagens, completam ou colidem com o discurso visual para gerar novos sentidos. Por isso, como um presente de natal antecipado, disponibilizamos aqui o disco da trilha sonora do LOCUS, para todos que viram e ouviram e querem relembrar alguns momentos, e também para quem não viu poder ouvir e sentir um pouquinho do que é nosso documentário.

Para baixar o disco do LOCUS clique aqui.

domingo, 23 de outubro de 2011

VII MOSTRA PRODUÇÃO INDEPENDENTE


Ontem, 22/10, o documentário Locus recebeu o prêmio de Melhor Documentário na VII Mostra de Produção Independente, ocorrida no Cine Metrópolis da Ufes.

Para nós da equipe de produção este prêmio foi uma surpresa e um orgulho, principalmente devido à qualidade dos outros trabalhos concorrentes, como Uma de Alexandre Barcelos, que recebeu o prêmio especial Porta-Curtas. Alexandre foi também o responsável pelo tratamento de som do Locus e sabe que colaborou com nosso trabalho. Além disso, a ficção humorística da TV Quase, Raquetadas para a Glória, recebeu o prêmio de Melhor Ficção, o que deixou a noite ainda mais emocionante.

Klaus'Berg, Raul Chequer e Juliano Enrico (atrás)
A equipe do Estúdio Quase só tem a agradecer a todos que viram o Locus e o Raquetadas e que puderam provar um pouquinho do que a gente se esforça para fazer; ao pessoal da ABD Capixaba que realizou um evento importante para qualquer um que se enverede pelo meio audiovisual; ao Cine Metrópolis, em especial à professora Rosana Paste, que sempre recebeu de portas abertas nossos trabalhos; e, claro, aos nossos atores sociais que fizeram o filme ser o que é. 

Estamos honrados com este reconhecimento.

Leia a matéria da ABD Capixaba.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

MOSTRA DE PRODUÇÃO INDEPENDENTE

Na próxima sexta-feira, 21/10 às 19h, o documentário Locus será exibido novamente no Cine Metrópolis, desta vez participando da VII Mostra de Produção Independente: a 7° Arte vai ao mercado, que ocorre de 18 a 22 de outubro na Ufes.

A mostra é uma realização da ABD Capixaba, com patrocínio do Sebrae, Governo do Estado e Prefeitura de Vitória, e busca uma aproximação de produtores e produtoras independentes com o mercado audiovisual, não só através da mostra competitiva, mas também através da Rodada de Negócios com canais e distribuidoras nacionais.

Além do Locus, confira também o Raquetadas para a Glória da TV Quase, que será exibido pela primeira vez nas telonas na quarta-feira, 19/10, também a partir das 19h.

AGENDA:
- Raquetadas para a Glória - 19/10, 19h, Cine Metrópolis-Ufes.
- Locus – 21/10, 19h, Cine Metrópolis-Ufes.

Confira a programação abaixo.


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

LOCUS – REAPRESENTAÇÃO EM ALEGRE


Com apoio da Secretaria de Comunicação e Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Alegre, o documentário LOCUS será reexibido no dia 01 de Setembro, quinta-feira, à partir das 21h no Teatro Municipal Virgínia Santos.

Apresentação no CECCO da Vila
Guarani em São Paulo
Depois de lançar o filme em várias cidades capixabas, além de Viçosa-MG e São Paulo, retornaremos ao palco de produção do LOCUS para que os habitantes da cidade possam se ver mais uma vez. Assim como para nós da produção, quanto para os secretários da prefeitura de Alegre, essa é uma oportunidade da cidade poder acompanhar o desenvolvimento da cultura e da história local: só essa razão bastaria para apresentarmos o filme quantas vezes fossem necessárias.

Apresentação e debate no CECCO da
Vila Guarani em São Paulo
Mas, além disso, no dia de nossa estreia oficial (23/04), muitas pessoas não puderam comparecer, inclusive alguns personagens, pois estavam fora do município por conta do feriado. Para essas pessoas, e para toda qualquer outra que de certa maneira contribuiu com o LOCUS, esta é uma maneira de retribuir sua atenção, seus depoimentos e todas as informações que fizeram nosso documentário ser o que é.

Depois do relançamento em Alegre iremos participar de alguns festivais país a fora. Em breve passaremos as datas e locais.

AGENDA:

01/09 – Quinta-feira – Reapresentação do Locus no Teatro Municipal Virgínia Santos (Alegre-ES). À partir das 21h. Entrada Franca.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

LOCUS - ESTREIA EM SÃO PAULO



No dia 12 de Agosto, sexta-feira, a partir das 14 horas, o documentário Locus será exibido pela primeira vez em São Paulo, não em um cinema ou teatro, como tem ocorrido em todos os lançamentos até agora, mas em uma instituição que lida diretamente com algumas questões debatida pelo filme: o tratamento e a inclusão da diferença.

Este local não poderia ser mais adequado, pois o Centro de Convivência da Vila Guarani (CECCO Vila Guarani) é destinado a pessoas em situação de vulnerabilidade, com o objetivo de promover a inclusão social de indivíduos com deficiências físicas, transtornos mentais, além de crianças, idosos e a população em situação de rua. O CECCO desenvolve ações diversificadas que vão desde esportes, artes, música, dança, práticas de Medicina Tradicional Chinesa, até a horta, culinária, passeios e caminhadas.

Para nós, esta é uma oportunidade valiosa de mostrar o filme para pessoas e especialistas que estão envolvidos nas situações relatadas pelos atores sociais da narrativa. E este deve ser um dos propósitos e objetivos de um produto que busca questionar os valores da realidade: aproximar tais questinamentos aos valores e às realidades do público.

Após a apresentação do documentário haverá um bate-papo com os produtores do Locus, Klaus’Berg e Francisco Filho. A entrada é franca e o debate é honesto.

AGENDA:

12/08 – A partir das 14h, lançamento do Locus no CECCO Vila Guarani (Rua Lussanvira, 178, Vila Guarani, São Paulo. Próximo à Estação Conceição do metrô). Em seguida bate-papo com os produtores. Entrada Franca.

01/09 – Re-lançamento do Locus no Teatro Municipal de Alegre-ES (horário a confirmar).


quinta-feira, 9 de junho de 2011

LOCUS - ESTREIA EM VIÇOSA-MG

O documentário LOCUS será exibido fora do Espírito Santo pela primeira vez. O Cine Clube Carcará de Viçosa-MG receberá o LOCUS no próximo dia 11 de Junho às 14h no “Carcará”, além disso, o documentário Touro Moreno de Juliano Enrico fará parte da mostra, contando ainda com os vídeos humorísticos da TV Quase – todos esses projetos foram produzidos pelo Estúdio Quase, nosso escritório de criação de conteúdo de entretenimento.

AGENDA:

11/06/201114h no Carcará (Viçosa-MG): Cine Clube Carcará apresenta os documentários LOCUS e TOURO MORENO + vídeos da TV Quase. Em seguida bate-papo com os diretores.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

LOCUS – LANÇAMENTO NA UFES

Após passar por Alegre, Cachoeiro e pelo Cine Jardins em Vitória, o documentário contemplado pelo Fundo de Cultura da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (Secult) em 2010, levará o debate sobre a convivência com a loucura no espaço público para o ambiente acadêmico. Hoje, 18 de Maio, é o dia em que se “comemora” a Luta Anti-manicomial, e para aproveitar a deixa exibiremos o documentário LOCUS nessa sexta-feira, dia 20 de Maio, às 21h no Cine Metrópolis da UFES (Centro de Vivência, Campus Goiabeiras).

Com 26 minutos de duração, o filme narra pequenas histórias sobre a convivência com loucura na cidade de Alegre, município sul capixaba com cerca de 30 mil habitantes. Alegre é o palco que abriga os personagens sociais do documentário: pessoas que são muitas vezes vistas pela população como loucas, diferentes ou excêntricas, e que por isso mesmo fazem parte da cultura local. Entre seus personagens principais destacam-se Luiz Cláudio Dias (o popular “Banana”) e Luciano André, ambos acompanhados pelas câmeras da produção em suas casas, nas festas e eventos sociais da cidade, e até mesmo durante as eleições de 2010. Uma das preocupações da narrativa foi demonstrar a importância do papel desempenhado por essas figuras populares no imaginário alegrense, exercendo uma influência fundamental na vida cotidiana dos habitantes.

Essa será a última exibição da primeira rodada da caravana da loucura, em breve divulgaremos os locais e as datas das próximas apresentações.

FICHA TÉCNICA:
LOCUS
A loucura mora em qualquer lugar

“LOCUS”. HDV, Colorido, 26 min. Gravado em Alegre-ES, 2010.

Sinopse:
Locus, documentário gravado em Alegre-ES, aborda a problemática da convivência com a loucura no espaço público através de um passeio de estranhamento pela cidade. Com depoimentos de moradores, psicólogos, especialistas, autoridades policiais e municipais, a narrativa propõe um debate sobre o imaginário do que é loucura e de quem é o louco em Alegre. A cultura local e as relações sociais da vida cotidiana alegrense são retratadas por meio da perspectiva aberta pelos protagonistas do filme, figuras populares, que mesmo vistas como metáforas de alteridade e loucura, são necessárias para o convívio “normal” na cidade.

ESTÚDIO QUASE em parceria com MIRABÓLICA apresenta “LOCUS” direção KLAUS’BERG roteiro KLAUS’BERG, FRANCISCO FILHO e RAUL CHEQUER direção de fotografia RAUL CHEQUER produção FRANCISCO FILHO assistente de produção GABRIEL LABANCA assistente de câmera PAULO PARAIZO montagem RAUL CHEQUER e KLAUS’BERG animações PAULO PARAIZO pesquisa FRANCISCO FILHO assistente de pesquisa GABRIEL LABANCA som direto PAULO PARAIZO e FRANCISCO FILHO trilha sonora original CHICO CUÍCA

terça-feira, 17 de maio de 2011

LOCUS – OS LANÇAMENTOS

Estreia em Alegre-ES

Estreia em Alegre. Luciano na pri-
meira fila

Depois de três lançamentos cobrindo um pedacinho do Espírito Santo (Alegre, Cachoeiro de Itapemirim e Vitória), pudemos ver com mais atenção como o público se comporta durante a exibição de LOCUS. Conseguimos perceber que as pessoas entram na narrativa, acabam se identificando com uma situação ou outra e também com os personagens. Não haveria motivo para fazer um documentário se não fosse para ser visto por diversas pessoas, cada uma com um ponto de vista distinto sobre a problemática indagada no filme.

Banana na estreia em Alegre
Nas três estreias o público compareceu e prestigiou o filme, mesmo que em Alegre tenha sido durante o feriado da páscoa e em Cachoeiro tenha sido no dia da final da Taça Rio disputada pelo Vasco e pelo Flamengo. Todas essas intempéries só nos deixam mais honrados com a presença de cada um que foi a algum dos lançamentos: para todos aqueles que viram o filme, independente de ter gostado ou não, deixamos aqui nossos agradecimentos. Celebramos a diferença com vocês e também com todos os personagens envolvidos no documentário (mesmo que apenas em Alegre tenhamos feito uma festinha com as bandas Os Terríveis, Chico Cuíca Sound System e Grupo Porco de GrindCore Interpretativo, que ficou sem foto porque todos já estavam bêbados quando o show começou).
Shows com Os Terríveis e Chico Cuíca Sound System. Luciano na festa.
Estreia em Cachoeiro
LOCUS ainda será exibido em Vitória mais uma vez, na próxima sexta-feira, 20 de Maio, às 21h no Cine Metrópolis da UFES (Centro de Vivência, Campus de Goiabeiras). Para quem é de Vitória e ainda não viu, essa é uma boa oportunidade para acabar com sua curiosidade e ainda comemorar o Dia Internacional da Luta Antimanicomial (que ocorre dois dias antes, 18 de Maio). Enfim, apareçam!

Estreia em Vitória
Para quem não é de Vitória e também quer ver, em breve estaremos exibindo o LOCUS em outras cidades como Viçosa-MG e São Paulo-SP, além de re-exibir o documentário em Alegre e em outros municípios do sul capixaba (datas ainda a confirmar).

Aguardem, pois a caravana da loucura continua.


Banana chega para a estreia. Luciano junto a Klaus'Berg e Raul Chequer

quinta-feira, 21 de abril de 2011

LOCUS – ESTREIA EM ALEGRE



Nesse sábado, 23 de abril, às 21 horas, o Teatro Municipal de Alegre “Virgínia Santos” acolherá o lançamento do documentário LOCUS gravado na mesma cidade. Os habitantes poderão se ver na tela e acompanhar algumas histórias de suas figuras populares: Banana, Luciano, Carioca e Zezé Fumaça. As questões envolvendo esses personagens são debatidas pela população, especialistas, autoridades públicas e representantes de instituições envolvidas na problemática. Com 26 minutos de duração a narrativa demonstra a importância do papel desempenhado por essas figuras populares no imaginário alegrense, exercendo uma influência fundamental na vida cotidiana dos habitantes.

E depois da estreia, venha curtir um rock legal na Boate do Comercial Clube a partir das 23h. Além de DJ’s e cerveja gelada, a festa de lançamento terá shows com as bandas Os Terríveis (cover de Roberto Carlos), Chico Cuíca Sound System (responsável pela trilha sonora do documentário) e Grupo Porco de Grindcore Interpretativo (de BH).

AGENDA:

23/04/2011 – Lançamento do documentário Locus no Teatro Municipal de Alegre. A partir das 21h. Entrada Franca.

E às 23h – Festa de Lançamento do documentário Locus na Boate do Comercial Clube. Com as bandas: Os TerríveisChico Cuíca Sound System e Grupo Porco de Grindcore Interpretativo.
Classificação 16 anos. Entrada R$5,00.

Sinopse:
Locus, documentário gravado em Alegre-ES, aborda a problemática da convivência com a loucura no espaço público através de um passeio de estranhamento pela cidade. Com depoimentos de moradores, psicólogos, especialistas, autoridades policiais e municipais, a narrativa propõe um debate sobre o imaginário do que é loucura e de quem é o louco em Alegre. A cultura local e as relações sociais da vida cotidiana alegrense são retratadas por meio da perspectiva aberta pelos protagonistas do filme, figuras populares, que mesmo vistas como metáforas de alteridade e loucura, são necessárias para o convívio “normal” na cidade.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

LOCUS – O ACASO



A produção documental obedece uma dialética de “planejamento do inesperado”: a história é fundada em aspectos conhecidos, previsíveis o bastante para serem organizados em um roteiro e planejados durante a pré-produção, quase como uma produção de vídeos ficcionais. Nesse quesito se inserem as entrevistas e pré-entrevistas agendadas, as imagens de apoio imaginadas, a localização de registros históricos, a cobertura dos eventos oficiais e do cotidiano rotineiro da cidade. Embora a programação desses fatos apele para um método ficcionalizante, é necessário fazer isso para mobilizar e estimular os efeitos do acaso.


Desfile escolar
Não só os personagens precisam ajudar a forjar o real, já que são solicitados a responder ou a fazer alguma coisa ditada pelos produtores; os eventos sociais e o dia-a-dia de Alegre precisam atuar sobre a produção para que o inesperado apareça e leve o registro a um patamar testemunhal. Para cumprir tal exigência documental procuramos flagrar as ações que os fenômenos da cidade apresentavam: na festa de Alegre, em agosto, conseguimos captar inúmeras surpresas que apareceram em meio às gravações programadas, seja nos brinquedos e barraquinhas do parque de diversões, no rodeio e nas baias dos animais em exposição, no desfile de rua das escolas e instituições municipais, na procissão e missa para Nossa Senhora da Penha. Em cada dia agendado para a produção ocorreram situações que não podíamos prever durante a pré-produção.

Finados
Isso também ocorreu durante a cobertura das eleições 2010, quando pudemos acompanhar um percurso agendado com os personagens e encontrar um desfecho completamente distante do que havíamos planejado – e que acabou se tornando mais importante para o documentário do que aquilo que havíamos meramente assumido. Até mesmo o dia de Finados deu margem para a aparição do acaso, pois a cobertura das pessoas visitando seus familiares perdeu espaço frente ao surgimento de novos traços em um personagem já falecido (Zezé Fumaça). Ainda que esses eventos sejam extraordinários e por isso contribuam para o pronunciamento do inesperado, a própria rotina alegrense é fértil para sofrer a influência do real.

Final do desfile escolar
A linguagem documental é naturalmente híbrida, composta por artifícios técnicos e convenções videográficas que facilitam a recepção da narrativa e, além disso, pela sistematização do acaso. Locus é formado por imagens que foram previamente criadas e por outras que só submetendo-se aos caprichos da sorte e do infortúnio poderiam existir. De outra maneira seria impossível passar a impressão de realidade que determina o grau de proximidade e identificação narrativa do documentário.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

LOCUS – O TRAILER



Pode parecer confuso à primeira vista, mas o trailer do Locus resume bem o estilo narrativo adotado: como falar sobre loucura sem mostrar isso na linguagem? Não interessava compor a narrativa com várias cabeças-falantes posicionando, cada um a seu modo, suas idéias. Queríamos construir um discurso multilateral, formado por uma malha tecida por depoimentos, sons ambientais, músicas, ações, imagens de apoio e de arquivo, sempre buscando um movimento quase ininterrupto das imagens.


Banana passeando pelas ruas
Tanto a condução verbal quanto a visual tentam levar o receptor a encarar um mundo desconhecido, adentrar em uma atmosfera de estranhamento. As ações dos personagens são alternadas com imagens desconexas que muitas vezes adicionam sentido aos depoimentos, e outras vezes produzem incoerências discursivas através do choque de valores antagônicos entre o verbal e o visual. A estética empreendida em Locus faz de Alegre um local específico para abrigar seus personagens, um lugar onde a diferença mora. Tal linguagem acrescenta dinamismo ao ritmo documental e ainda modulo emoções diversas catalisadas através de um discurso pluralizado e intertextual.

Não é fácil tratar de um tema que ainda não é bem mapeado pelo ser humano, principalmente se a forma documental não incorporar o assunto narrado. Para evitar que o debate ficasse raso ou unilateral, preferimos tentar transubstanciar o conteúdo narrado na forma narrativa e talvez gerar uma confusão audiovisual que pelo menos se aproximasse da densidade de um surto esquizofrênico sem, com isso, ofuscar uma argumentação que não foge da lógica.

terça-feira, 5 de abril de 2011

LOCUS - O RELEASE


O documentário Locus, contemplado pelo Fundo de Cultura da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (SECULT) em 2010, será lançado no dia 23 de Abril no Teatro Municipal de Alegre-ES a partir das 21h com entrada franca. Realizado por Klaus’Berg, Raul Chequer e Francisco Filho, jovens produtores audiovisuais do estado, o documentário aborda questões sobre as relações sociais entre os habitantes de Alegre e seus diferentes. Para isso, os documentaristas ouviram tanto a população, quanto especialistas, autoridades e representantes de instituições envolvidas na problemática.

Banana durante as eleições 2010
Com 26 minutos de duração, o filme narra pequenas histórias sobre a convivência com loucura na cidade de Alegre, município sul capixaba com cerca de 30 mil habitantes. Alegre é o palco que abriga os personagens sociais do documentário: pessoas que são muitas vezes vistas pela população como loucas, diferentes ou excêntricas, e que por isso mesmo fazem parte da cultura local. Entre seus personagens principais destacam-se Luiz Cláudio Dias (o popular “Banana”) e Luciano André, ambos acompanhados pelas câmeras da produção em suas casas, nas festas e eventos sociais da cidade, e até mesmo durante as eleições de 2010. Uma das preocupações da narrativa foi demonstrar a importância do papel desempenhado por essas figuras populares no imaginário alegrense, exercendo uma influência fundamental na vida cotidiana dos habitantes.

Luciano André na festa de Alegre
Após a estréia no Teatro, os produtores realizarão a festa de lançamento na Boate do Comercial Clube em Alegre a partir das 23h, com as bandas Chico Cuíca Sound System (responsável pela trilha sonora do documentário) e Os Terríveis (cover de Roberto Carlos). O documentário Locus também será exibido em Cachoeiro de Itapemirim (no Cine Ritz Sul) e ainda em Vitória com duas apresentações: no Cine Jardins (Shopping Jardins) e no Cine Metrópolis (Centro de Vivência da UFES).

AGENDA:

23/04/2011 – Lançamento do documentário Locus no Teatro Municipal de Alegre. A partir das 21h. Entrada Franca.

23/04/2011 – Festa de Lançamento do documentário Locus na Boate do Comercial Clube. A partir das 23h com as bandas Chico Cuíca Sound System e Os Terríveis. Classificação 16 anos.

01/05/2011 - Lançamento do documentário Locus no Cine Ritz Sul (Shopping Sul, Cachoeiro de Itapemirim). A partir das 16h. Entrada Franca.

06/05/2011 - Lançamento do documentário Locus no Cine Jardins (Shopping Jardins, Jardim da Penha, Vitória). A partir das 21h.

20/05/2011 - Lançamento do documentário Locus no Cine Metrópolis (Centro de Vivência da UFES, Goiabeiras, Vitória). A partir das 21h.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

LOCUS – O MUNDO NARRATIVO


Estudo de locação:
Plano Geral de Alegre
Nostalgia é um tipo de sentimento de pertença que geralmente abate com mais força o indivíduo que se ausenta de seu local original por determinado tempo, e ao retornar se depara com suas imagens do passado, refletidas também na arquitetura e no urbanismo daquele lugar. Em nosso caso, esse tipo de nostalgia caracterizou o retorno ao município em que crescemos, e ficou ainda mais marcante porque estávamos ali para investigar e registrar os aspectos daquele pequeno mundo que fossem interessantes o bastante para se transformar em linguagem audiovisual.

Estudo de locação:
Igreja Matriz de Alegre
A ambientação narrativa obedece uma lógica de manipulação do espaço com vistas a configurar um piso e um teto para as ações dos personagens e, além disso, colocar o receptor dentro do mundo documental – de fato, o mundo real e o mundo documental não são os mesmos, ainda que o mundo documental seja parasitário de pressupostos do mundo real, é praticamente impossível refletir todas as inúmeras facetas do real dentro do documentário. É, portanto, um trabalho de reorganização do espaço narrativo, sempre com vistas a abarcar as personalidades dos personagens oferecendo assim certa nuance ou informação extra de seus comportamentos.

O bucolismo do interior
Alegre tem sua rotina, um cotidiano marcado pelo ordinário bucólico das cidadezinhas de interior, e isso interessava ser reproduzido, bem como os fatos e eventos que fogem do dia-a-dia e se tornam fenômenos extraordinários para os habitantes acostumados com a normalidade rotineira do local. Se é pelo comum que a cidade se caracteriza, é pelo incomum que ela se singulariza: festas e comemorações religiosas, políticas e comerciais mexem com a população e trazem novos comportamentos e relações interessantes para mostrar a vivência e o fluxo social da cidade. Nossas tentativas de produção testemunhal se incrementavam durante a cobertura desses fatos e forneciam matéria de antagonismo para a cobertura da “mesmice” alegrense.

Imagem animada de Jesus durante
o rodeio e a festa de Alegre
Nosso retorno foi uma redescoberta, uma maneira de enxergar nossa cidade como ainda não havíamos conseguido antes. Procurar em suas ruas, praças, prédios, casas e comércios os elementos que comporiam o mobiliário narrativo adequado a sustentar os relatos dos personagens, suas ações e sentimentos. Desse modo pudemos fazer Alegre ser um personagem tão importante quanto os que abrigava em seus espaços públicos. Enquanto palco de convivência com o Outro, a cidade mostrou as justificativas para ser o mundo delimitado na narrativa e determinou o nível de atrelamento ao tema do documentário – como se não pudesse existir outro ambiente para comportar os personagens e a trama discursiva do filme.

Cavalo adestrado no rodeio
Nostalgia deve ser isso: fazer de lembranças passadas a porta de percepção para encontrar o presente, permitindo diluir o que o imaginário guardou na composição do registro atual. Nossas memórias nos levaram à Alegre e lá pudemos reestruturar narrativamente o que seria apenas uma imagem distorcida de um passado desfocado pela ausência.
 
Estudo de locação: Plano Geral de Alegre


LOCUS – OS PERSONAGENS

O escritor e historiador Marcos Oliveira na biblioteca

Banana
Documentar um “assunto” às vezes exibe a dificuldade em se materializar o fato discursivo no fato audiovisual. Falar sobre a convivência com a loucura era algo que não queríamos evidenciar apenas verbalmente, mas, sobretudo visualmente. Seja como for, não estávamos trabalhando com um personagem que iria desamarrar toda a narrativa – isso era impossível perante a complexidade temática pretendida pelo documentário. Devido a essa particularidade optamos por registrar diversos personagens envolvidos no assunto divididos em 3 grandes categorias funcionais.

Carioca
Os protagonistas – Esses seriam os personagens que iriam receber maior importância narrativa e maior tempo na duração do documentário. Apesar de termos algumas opções de protagonistas, decidimos nos concentrar em 4 que poderiam mostrar vários aspectos decisivos para o filme: Luiz Cláudio Dias, o popular “Banana”; Genilçon Cavalcante Furtado, o “Carioca”; Luciano André, também conhecido como “Miguim”; e o falecido Zezé Fumaça. Todos eles foram o centro da atenção narrativa e da maior parte dos depoimentos dos outros personagens, sendo que a função primordial dessa categoria era dar voz e expressão para o Outro enquanto louco.

Luciano André na entrada de sua casa

O jornalista Almyr Carvalho
Os especialistas – Entre psicólogos, jornalistas, historiadores, advogados, autoridades públicas, sanitárias e policiais, todos os depoimentos e opiniões dos especialistas posicionam os problemas e as vantagens da convivência com a diferença em Alegre. Essa categoria de personagem foi usada não apenas para aprofundar o tema, mas também para conectar o assunto narrado aos protagonistas, além de vinculá-los às peculiaridades culturais e sociais da cidade, mostrando como Alegre é diferenciada no tratamento concedido ao louco e como o imaginário local a respeito dessa situação é único.

Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Rosane dos santos, coordena-
dora do CAPS de Alegre; Nilson Junior, Psicólogo; Paulo Cassa, Psicólogo
e Secretário Municipal de Saúde; e Coronel Anselmo Lima, na época Capitão
do 3 Batalhão da Polícia Militar


Joares Quarto ao lado da fotografia
de Zezé Fumaça

Os coadjuvantes – Para sintetizar as impressões dos habitantes alegrenses sobre o tema do documentário, usamos os depoimentos de alguns moradores, comerciantes e pessoas ligadas de alguma forma ao assunto para retratar essa impressão geral. Podemos alojar nessa categoria também as pessoas que participaram de alguns dos eventos cobertos pela produção, como a procissão de Nossa Senhora da Penha, o rodeio e a festa no parque de exposições da cidade, o dia de finados e as eleições de 2010. Esses personagens davam face para as relações estabelecidas em Alegre e mostravam como o comportamento do habitante “normal” nem sempre é diferente do comportamento do indivíduo dito “anormal”.

Cada categoria e cada personagem têm sua importância para o documentário, e a união de todas essas diversas importâncias faz com que a narrativa seja encadeada coerentemente, aglomerando informações distintas que se completam e se confrontam para resultar nas conclusões que singularizam o olhar sobre a loucura visto em Locus.