sexta-feira, 1 de abril de 2011

LOCUS – O PROJETO

A loucura já foi divinizada, foi sinônimo de possessão, de lucro e apenas recentemente passou ao significado de doença. Trancafiar os loucos foi uma alternativa encontrada pelos homens comuns para não conviver com a loucura. A partir da reforma psiquiátrica o Movimento Anti-manicomial se fortaleceu e passou a lutar por políticas de inclusão dos loucos na sociedade. Embora não exista um manicômio ou mesmo um movimento contra essa instituição no município de Alegre, no interior do Espírito Santo, a relação assumida com a loucura é um fenômeno experimentado na cidade já há algum tempo. 

Carioca

A narrativa procura debater o tema da loucura através dos relatos de diversas pessoas, sejam elas enquadradas como loucas ou não. Uma tentativa de desvelar a experiência que o indivíduo incomum tem a partir de sua interação com um mundo formulado por regras e pressupostos criados por indivíduos ordinários. O mundo captado no documentário é Alegre, município do sul capixaba fundado em 06 de Janeiro de 1891, com uma população de cerca de 31.700 habitantes. A cidade convive com seus diferentes nos espaços públicos, trafegados por todos que queiram por ali passar, e ainda que haja uma confluência de habitação entre os indivíduos, o louco é um convidado, simplesmente porque este espaço não foi formulado por ele.

Luciano

O documentário Locus surgiu da curiosidade sobre o convívio com a diferença e, além disso, das lembranças dos personagens que habitavam o palco da rotina alegrense: Banana, Luciano, Carioca, Zezé Fumaça, entre outros foram os condutores da narrativa que tomou quatro meses de produção. De agosto a dezembro pudemos registrar o cotidiano da cidade e alguns dos eventos que mobilizam a população, como a festa da padroeira Nossa Senhora da Penha, as eleições de 2010 e o dia de finados. A cada entrevista, a cada novo dia de gravação fomos levados a entrar no imaginário local do que seria o louco para os habitantes e como seus itinerários fazem parte da normalidade da cidade.

Banana
Telô, à direita, e Juarez Quarto, atrás, no túmulo de Zezé Fumaça

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